Audiência pública realizada na tarde desta terça-feira (07/04) na Assembléia Legislativa discutiu os desafios da crise econômica mundial e o crescimento pró-pobres e a importância dos estudos e pesquisas do Laboratório de Estudo da Pobreza Lep/Caen/UFC. A iniciativa foi dos presidentes das comissões de Trabalho e de Educação, deputados Professor Teodoro (PSDB) e Artur Bruno (PT), respectivamente.Na ocasião, aconteceu a apresentação do estudo, realizado pelos professores do Centro de Aperfeiçoamento de Economistas do Nordeste (Caen) Carlos Alberto Manso e Flávio Ataliba, e pelo jornalista Arnaldo Santos. A exposição começou com Arnaldo Santos, que colocou números sobre as condições dos pobres, indigentes e extra-indigentes no Ceará. Segundo ele, 4,2 milhões de pessoas no Estado são pobres, e quase 1 milhão estão em situação de extrema-indigência. A faixa etária atual dos extra-indigentes, isto é, aqueles que recebem 1/8 do salário mínimo per capita é de zero a 15 anos. “Temos uma população já condenada a suceder seus pais na extrema indigência”, colocou. “Não podemos ficar no nosso sofá, no nosso ar-condicionado, fazendo de conta que isso não é com a gente, porque é”, finalizou Arnaldo. Em seguida, Flávio Ataliba apontou que a melhor saída para a redução da pobreza no Estado é pela redução da desigualdade. Conforme o estudo, de 1995 a 2005 a pobreza caiu 6,4%. Desse percentual, 66,2% foram ocasionados pelo aumento de renda e 11,3% pela redução da desigualdade. “Em sociedades com baixa renda média e alta desigualdade, deve-se priorizar políticas que permitam a expansão da renda, mas que sejam acompanhadas necessariamente com a redução da desigualdade”, enfatizou Ataliba. Ele também apontou para a importância da educação e da escolaridade para o aumento da produtividade e, conseqüentemente, do salário. “A desigualdade está diminuindo por conta da educação”, afirmou.Também ressaltou a importância da educação na diminuição da desigualdade o professor Carlos Manso, último pesquisador a se apresentar. “O que faz com que uma pessoa menos produtiva se torne mais produtiva? A educação”. Ele fez ainda uma exposição de números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) utilizados no estudo. De acordo com ele, o Ceará é o 5° estado brasileiro com o maior número de pobres, em valores quantitativos. Já em proporção, é o 4° estado com maior número de pobres do Brasil. O Ceará é ainda, segundo ele, o 2° lugar no ranking de indigentes em termos absolutos, perdendo apenas para a Bahia.Em relação à população cearense que se encontra na extrema pobreza, 22% estão na Região Metropolitana de Fortaleza, 35% na zona rural e 42% na zona urbana. “Os 10% mais ricos do Estado possuem 44,25% da renda total, valor que corresponde a 66 vezes a renda dos 10% mais pobres e a 14 vezes a renda dos 40% mais pobres”, disse. Por fim, Manso afirmou que o Ceará possui “ambiente propício para erradicar a extrema pobreza”. Participaram ainda da audiência os deputados Nelson Martins, Lula Morais, Roberto Cláudio, e o secretário de Desenvolvimento Econômico do município de Fortaleza, José de Freitas Uchoa.
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